Uma entrevista com o roteirista e desenhista Leo, concedida ao blog português voltado ao mundo das HQs; Blogue De Banda Desenhada. Acompanhem!
LEO
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Formou o seu nome artístico, Leo, com as iniciais do seu nome real: Luís Eduardo Oliveira. Nasceu no Rio de Janeiro a 13 de Dezembro de 1944. Residindo em Paris desde 1981 e casado com uma portuguesa (Isabel) da Ilha da Madeira, onde passa largo tempo do ano, sobretudo para se escapar às agruras do Inverno da continental Europa. Hoje muito conceituado no mundo das HQs, sobretudo entre os francófonos, dedica-se muito (quase que exclusivamente) ao tema da ficção-científica. E tanto funciona só enquanto desenhista, como, outras vezes, como argumentista e, outras ainda, como autor total. Foi homenageado ao vivo no Salão Internacional "Sobreda-BD / 2000", tendo então recebido o Troféu Sobredão.
Porém, se hoje está tranquilo a narrar aventuras através da 9.ª Arte, foi antes uma aventura de si próprio que viveu e sofreu. Sempre inclinado >para o desenho, após terminar o seu curso de engenheiro mecânico enveredou um tanto pela militância política. Em 1971, para escapar à ditadura militar brasileira, fugiu para o Chile. Daqui torna a fugir, desta vez para a Argentina, quando o general Pinochet tomou o poder. Em 1974, regressa clandestinamente ao seu Brasil, onde se dedica ao desenho publicitário em S.Paulo.
Porém, se hoje está tranquilo a narrar aventuras através da 9.ª Arte, foi antes uma aventura de si próprio que viveu e sofreu. Sempre inclinado >para o desenho, após terminar o seu curso de engenheiro mecânico enveredou um tanto pela militância política. Em 1971, para escapar à ditadura militar brasileira, fugiu para o Chile. Daqui torna a fugir, desta vez para a Argentina, quando o general Pinochet tomou o poder. Em 1974, regressa clandestinamente ao seu Brasil, onde se dedica ao desenho publicitário em S.Paulo.
"Gandhi", o primeiro álbum de Leo |
Em 1981, abalou-se à aventura para a Europa, estabelecendo-se em Paris, sonhando com a carreira nas HQs. Foi uma época de angústias pois a 9.ª Arte franco-belga atravessava então uma das suas piores crises.
Mesmo assim, publica alguma coisa nas revistas "L'Echo des Savanes" (1982) e "Pilote" (1985). Com o apoio de Jean-Claude Forest, em 1986 publica algumas histórias realistas na "Okapi" e, em 1989, é editado o seu primeiro álbum, "Gandhi, le Pélerin de la Paix", com roteiro de Benoît Marchon. No entanto, algum tempo depois começa uma parceria com o roteirista Rodolphe, com as séries "Trent" (um western em oito livros), "Kenya" (em cinco livros) e "Namibia" (a decorrer), mas agora como co-roteirista, e Marchal sendo o desenhista.
Capas de três séries que tem o roteiro de Leo
Todavia, pelo seu encantador talento, o que podemos considerar como a sua notável criação (até agora) é a série "Os Mundos de Aldebaran", dividida em quatro ciclos: "Aldebaran", "Betelgeuse", "Antares" e "Survivants (Sobreviventes)", estando estes dois últimos ainda em curso na Europa.
"Os Mundos de Aldebaran", roteiro e arte de Leo, e também a sua criação máxima
Pois aí vai a entrevista com Leo:
Nota: Banda Desenhada (BD) - Histórias em Quadrinhos (HQ)
BDBD - Foi dura a tua caminhada pela Banda Desenhada, sobretudo na América do Sul, mas hoje tens um justo estatuto de autor-BD confirmado. Porquê a França como tua opção?
LEO - No Brasil eu fiz umas tentativas de trabalhar em BD, mas não deu certo. Não há mercado para BD's adultas. Foi o que me levou a vir para a França. No Chile e na Argentina, eu não trabalhei com a BD e, na época, eu não pensava nisso. Eu era um refugiado político, fugindo à ditadura brasileira, e me dedicava à ação política.
BDBD - E voltares a viver no teu Brasil, está fora de questão?
LEO - Sim, foi tão difícil conseguir estabelecer-me em França, onde passei vários anos como imigrante clandestino, que não tenho nenhuma vontade de sair daqui. Ainda mais porque profissionalmente é aqui que eu construí toda a minha carreira na BD.
BDBD - Curiosamente, tens ligações a um outro país do nosso idioma, precisamente Portugal. Para além de teres sido homenageado no salão "Sobreda-BD /2000", és casado com uma portuguesa (da Madeira)... Portugal será um dia o território para residires em definitivo?
LEO - Não creio, pelos mesmos motivos que exponho acima. Mas pretendo passar longos períodos na Madeira, principalmente no Inverno. Acho a Madeira um lugar fantástico!
BDBD - Estranhamente, da tua vasta obra nada está editado em Portugal!... É um fato pouco simpático e desatento em relação à tua obra, não achas?
LEO - Alguns dos meus álbuns foram editados em Portugal alguns anos atrás, mas, infelizmente, a eterna questão do mercado pequeno para a BD adulta não permitiu que a coisa se renovasse. A mesma coisa aconteceu no Brasil, onde o fato de eu ser brasileiro não ajudou em nada as vendas. É uma pena!...
BDBD - Para além de desenhares, também tens sido, às vezes, roteirista. O que preferes: desenhar ou escrever?
LEO - Não dá para escolher uma ou outra, pois são coisas bem diferentes e ficaria muito frustrado se tivesse que abandonar uma dessas atividades. É claro que, quando eu desenho - e atualmente eu só o faço quando eu mesmo escrevi o roteiro e, com isso, o resultado é bem pessoal - é mais forte. Como roteirista, escrevendo sozinho ou em parceria com outros, eu posso expressar a minha imaginação de outra maneira e é uma atividade fascinante.
BDBD - "Gandhi, o Peregrino da Paz" foi um interessante trabalho teu enveredado pela biografia. O que sentes por Gandhi para teres pegado neste projeto? Pensas repetir a experiência versando biografias?
LEO - Devo confessar que esse trabalho foi feito numa época em que eu aceitava qualquer coisa que surgisse para que a minha conta bancária saísse do negativo! Felizmente, o Gandhi foi um personagem interessante mas fazer BD's históricas não é o meu terreno, pois sempre preferi a ficção-científica.
BDBD - Ora aqui está!... Excluindo a bela série "Trent", o teu tema favorito é a ficção científica, cheia de hipóteses no futuro e de maravilhosos aspectos insólitos. É mesmo o tema que mais te entusiasma?
LEO - É o meu universo preferido. Desde sempre. Ele permite toda a liberdade criativa, onde tudo se pode inventar. Todos os roteiros que escrevi até hoje são de ficção-científica, o que é bem sintomático...
BDBD - Acreditas nos distantes aspectos futuristas que propões nas tuas séries?
LEO - Infelizmente, não. É o meu lado engenheiro bem racional...
BDBD - O Salão da Sobreda, onde foste homenageado em 2000, parece que se finou de vez. Mas, em Portugal, existem dois anuais (Amadora e Beja) e mais dois bienais (Moura e Viseu). Estarias disposto em participar em algum deles?
LEO - Nos últimos tempos tenho trabalhado tanto que evito os festivais. Especialmente quando incluem viagens. Mas eu gosto muito de Portugal, então, quem sabe?...
BDBD - A terminar, deixa aqui uma breve mensagem aos bedéfilos portugueses, em especial aos que te admiram... Desde já, muito obrigado, Leo.
LEO - Evidentemente eu fico muito orgulhoso e contente de saber que portugueses conhecem as minhas histórias, apesar delas não serem atualmente traduzidas na minha língua materna. Portugal possui uma cultura de BD's adultas que, infelizmente, meu país ignora. E, meu caro Luiz Beira, sou eu que agradeço!
cara, adoro as hqs do Leo, por favor posta todas
ResponderExcluirGostei da entrevista. "Os Mundos de Aldebaran" é uma das melhores séries de sci-fi que já li.
ResponderExcluir"Betelgeuse", "Antares" e "Survivants (Sobreviventes)", vão todas sair aqui no blog?
Gostei muito de conmhecer este autor. Vocês me apresentaram. Confesso que os quadrinhos de leo são a melhor coisa que leio em anos. Dimitri
ResponderExcluiryusef, comentei a algum tempo q não estou mas com as edições completas q sairam aqui. Foram 5 edições contendo 2 livros em cada, e foi exatamente a #4 q sumiu/não sei onde tá/ ou emprestei. Então no momento ela ta paralisada até conseguir achar ou adquirir outra.
ResponderExcluirOs mundos de aldebaran é uma série genial.
ResponderExcluirQue pena que a revista foi perdida, cara. Cê não tem como conseguir emprestado?
Elicarpo, é possível que apareça aqui outras séries deste autor (as outras que ele escreveu parecem interessantes)? :D
ResponderExcluirQue pena o caso da Aldebaran, espero que ache a edição perdida!
ResponderExcluirE aproveitando a pergunta do "Anônimo 2" tb queria saber, pq Kenia e Namibia parecem bem ser bem interessantes.
Esse sim ganha meu selo de aprovação. Sabe desenhar e sabe escrever uma história, apesar de alguns clichês.
ResponderExcluirFaz um bom tempo q essa edição (corresponde os livros 2 e 3 de Betelgeuse) sumiu. ja procurei e nada, fui ate em alguns sebos aqui onde moro e tb nada. Essas series da Dargaud q sairam pela Panini são extremamente dificeis de achar.
ResponderExcluirMas como diz o velho ditado; "quem procura acha", achei um sebo online q tem ela, então o jeito vai ser conseguir doações pra adquiri-lo. Depois faço um post.
Anônimo e Mary Rachel:
Se conseguir essa edição q falei da pra completar Betelgeuse, ja Antares e Survivants não, pq pelo jeito não sairão mais por aqui, teria q ser traduzida. Kenia e Namibia tb mesmo esquema, e tb tem um porem, as HQs do Leo são muitos explicativas e contendo muito texto.
Poxa Elicarpo, essas HQs do Leo são extraordinárias, conheci elas aqui no Ndrangheta e estou colaborando com doação justamente por conta dela, embora também acho que vocês merecem todo apoio pelo trabalho muito bem feito e atenção com os fãs do blog e das HQs. Espero que o projeto das HQs do Leo seja concluido, espero ansiosamente pelos outros scans! Um abraço e parabéns pelo trabalho do Ndrangheta!
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